Pagamento pode ser por área, por dia,
serviço ou por preço global
O levantamento topográfico visa gerar
um modelo da porção de terra, subterrânea ou superficial que se tornará planta
do local onde será realizada a obra. O processo é dividido em fase de coleta,
processamento e tratamento de dados, disposição e gerenciamento das informações
coletadas, que irá compor relatório e planta da área. "São mapas em
escala, uma cartografia voltada à implantação de projetos, com mais
detalhes", explica Jorge Cintra, professor da Poli-USP (Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo).
Os profissionais aptos a prestar este serviço são o
engenheiro agrimensor registrado no Crea (Conselho Regional de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia) e o topógrafo, responsável técnico que assina a
planta. O método mais utilizado é a geotecnologia, capaz de medir ângulos e
distâncias por meio do taqueômetro, conhecido como estação total.
O scanner - semelhante ao taqueômetro e que faz 400
medições por segundo - é usado para criar modelos tridimensionais. Também pode
ser utilizado o sensoriamento remoto, o imageamento por satélite, a
aerofotogrametria e o posicionamento por GPS. Existe ainda a fotogrametria
terrestre ou aérea, que usa filmes fotográficos ou imagens digitais - feitas
com câmeras específicas.
ESPECIFICAÇÃO
Dentre os diversos tipos existentes, os mais usuais
são o levantamento planimétrico, quando a projeção do terreno é feita em duas
dimensões, representando comprimentos e larguras; e o levantamento
planialtimétrico, quando são consideradas também as alturas e altitudes do
terreno, resultando em planta em três dimensões. "Se o levantamento visa
só à questão fundiária, ou seja, só os limites de propriedade, basta o
planimétrico", exemplifica Régis Bueno, ex-professor da Poli-USP.
Já em loteamentos se faz necessário o levantamento
planialtimétrico cadastral, em que são incluídas todas as marcações do terreno,
como eventuais construções e áreas verdes protegidas. Esse cadastro é
importante para que o construtor saiba se precisará desapropriar casas e
terrenos e até mesmo se há necessidade de obter licença ambiental.
Além disso, podem ser levantadas questões
temporais, como a análise da resposta do solo antes, durante e após a
incidência de chuvas. Em alguns casos também é preciso fazer acompanhamento do
volume de terra removida ou depositada no terreno.
O levantamento topográfico está presente em todas
as etapas da obra, iniciando antes mesmo do desenvolvimento do projeto e
passando pela marcação e implantação das fundações, construção de paredes etc.
Geralmente, o profissional que fez o levantamento acompanha a construção.
"Se ele não estiver disponível não há problema, porque o topógrafo gera
uma planilha que outro profissional é capaz de interpretar e dar seguimento ao
serviço", conta Ottorino Junior, diretor de obras da unidade São Paulo da
Brookfield Incorporações.
COTAÇÕES DE PREÇOS E FORNECEDORES
O orçamento e o pagamento podem ser feitos por
área, por dia, serviço ou por preço global, levando em consideração todas as
etapas da construção. "A diária custa, em média, R$ 800 para cada
equipe", avalia o diretor de obras da Brookfield.
O levantamento inicial geralmente é cobrado por
metro quadrado, variando de acordo com a complexidade do terreno. "Em uma
favela pode sair por R$ 2/m2, enquanto que um terreno limpo e plano pode custar
R$ 0,10/m2", conta Maurílio Turbiani Junior, presidente da Aetesp
(Associação das Empresas de Topografia do Estado de São Paulo), que aconselha à
empresa contratada visitar o terreno antes de fechar negócio.
Os equipamentos empregados no levantamento também
influenciarão no preço final. O GPS usado nesse tipo de serviço, por exemplo,
possui tecnologia superior àquela utilizada em automóveis e pode custar de US$
15 mil a US$ 30 mil. Sua manutenção também é cara e não sai por menos de US$
100 a US$ 200 por dia. Todos esses valores compõem o custo final.
Dificuldades para as medições, como existência de
matas preservadas, construções prévias, edificações tombadas e terreno com
muitos desníveis também encarecem o serviço. Somam-se a isso regras impostas
pela contratante, como ocorre com petrolíferas, que impõem restrições visando a
segurança dos prestadores do serviço e dos funcionários da empresa.
LOGÍSTICA
Antes do orçamento, é preciso saber que tipo de
levantamento será solicitado, quais especificações devem ser detalhadas e o
nível de precisão dos dados. Logicamente, quanto maior a precisão das
informações, maiores os custos.
Se a contratante não tiver engenheiro capaz de
realizar as especificações, é preciso solicitar que uma consultoria realize a
etapa pré-levantamento. "A empresa que prestará o serviço precisa conhecer
exatamente as demandas da contratante para evitar erros ou gastos excedentes,
não previstos no orçamento", explica Bueno.
É preciso checar se as delimitações do terreno
estão de acordo com o que consta na documentação da área. Feito isso, é preciso
limpar o terreno, retirando a vegetação rasteira e grama, que podem esconder
desníveis do solo.
O topógrafo poderá fazer marcações no solo, para
levantamentos terrestres ou aéreos, ou usar pontos de referência já existentes,
como o cruzamento de ruas, quinas de construção prévia ou próxima do terreno.
Com a falta de bons profissionais no mercado, como
garantir a precisão do levantamento e a qualidade do serviço prestado?
O engenheiro civil responsável pela obra pode ter
algum conhecimento de topografia e usar alguns métodos para saber se o
levantamento está correto. Afinal, ele sabe o resultado que quer ao final do
levantamento, mesmo não sabendo o processo inteiro do serviço. No caso de
grandes obras, como na construção de estradas e metrôs, o governo pode
contratar uma empresa para executar o levantamento e outra para fiscalizar o
serviço. Isso só acontece em obras de grande complexidade, porque o custo fica
muito alto. O preço também pode ser um indicador de qualidade, pois é estranho
se estiver muito abaixo do mercado. O site da Aetesp, em www.aetesp.com.br,
tem uma tabela com a média dos preços cobrados pelos principais serviços. É bom
procurar empresas que tenham mais experiência na área também.
Quais as principais informações que devem ser
levantadas para realizar o orçamento?
É preciso saber o tamanho da área e o local em que
o levantamento será executado, além de detalhes como a existência de rios, construções
prévias e tipo de vegetação encontrados no terreno. Também é necessário avaliar
o nível de precisão. Para terrenos pequenos, de cerca de 1,5 mil m2,
a escala pode ser de 1:50. Já em fazendas, a escala pode ser de 1:5.000.
Normas técnicas
> NBR
13133:1994 - Execução de Levantamento Topográfico - Procedimento
> NBR
14166:1998 - Rede de Referência Cadastral Municipal - Procedimento
> NBR
14645-1:2001 - Elaboração do "como construído" (as built) para
Edificações - Parte 1: Levantamento Planialtimétrico e Cadastral de Imóveis
Urbanizados com Área até 25.000 m2, para fins de estudos, projetos e
edificação - Procedimento
> NBR
14645-2:2005 - Elaboração do "como construído" (as built) para
Edificações - Parte 2: Levantamento Planimétrico para Registro Público, para
Retificação de Imóvel Urbano - Procedimento
> NBR
14645-3:2005 - Elaboração do "como construído" (as built) para
Edificações - Parte 3: Locação Topográfica e Controle Dimensional da Obra -
Procedimento
> NBR
15309:2005 - Locação Topográfica e Acompanhamento Dimensional de Obra
Metroviária e Assemelhada - Procedimento
> NBR
15777:2009 - Convenções Topográficas para Plantas e Cartas - escalas 1:10.000 -
1:5.000 - 1:2.000 - 1:1.000 - Procedimento
Nenhum comentário:
Postar um comentário